Você já imaginou como seria se os nossos cineastas preferidos fossem escritores e que tipo de livros eles fariam?
Antes de qualquer coisa, tenho que admitir que a gênese desse texto tem origem na crônica de Davidson Davis. O resto é consequência e delírio do autor.
Cinema e Literatura andam lado a lado, ninguém dúvida do fato. Os cineastas, ainda hoje, sofrem uma forte influência da Literatura e seguem filmando obras dos mais variados gêneros, dos clássicos aos contemporâneos. É fato que o Cinema tem exercido uma influência cada vez maior sobre a arte de escrever, possibilitando um movimento interessante de refluxo de influência vez maior sobre a arte de escrever, gerando um movimento interessante de força da sétima arte sobre a Literatura.
Mas e se, ao invés de serem diretores de cinema, alguns fossem escritores? Quais seriam seus estilos e características? Que temas abordariam? Etc. etc. etc.
Para tanto, selecionamos sete grandes diretores de cinema e tentamos imaginar como seriam se fossem escritores.
Sergio Leone
Seria conhecido por colocar sangue, muito sangue mesmo, na Literatura. Seus romances falariam sempre de tipos durões, às vezes sem nome, em um mundo onde é matar ou morrer. Ele, porém, saberia dar vazão a imaginação e teria duas qualidades marcantes que lhe dariam um lugar ao sol: saber reinventar um gênero um tanto ultrapassado (o faroeste) e ainda por cima dando profundidade em algo que, em teoria, teria tudo para ser raso e fútil. Suas narrativas seriam longuíssimas – que nem seus filmes – e cheias de viradas à la romance policial. Ocasionalmente plagiaria algum colega em algum boa ideia e admitiria apenas anos depois.
Stanley Kubrick
Dessa lista, provavelmente seria o mais denso e pesado de todos. Gêneros não seriam mantidos, pois se repetir não era muito o seu forte. Poderíamos esperar narrativas históricas, de ficção científica um tanto filosóficas, de suspense, de guerra, sobre violência, filmes on the road. Narradores duros e fantásticos, capazes de nos fazer prestar atenção em detalhes mínimos que deixamos passar normalmente. Muitos o odiariam, é verdade, mas ele não se importaria muito, afinal, seria do tipo Thomas Pynchon que nunca dá as caras. É certo que seria um dos autores sempre citados ao Nobel e que acabariam por nunca ganhá-lo.
Akira Kurosawa
Se em alguém quiséssemos encontrar prosa poética e uma grande força narrativa, aqui temos nosso homem. Capaz de transpor tudo – e quando digo tudo, quero dizer literalmente – para o mundo feudal japonês habitado por samurais e pela honra. Teria fortes influências de Shakespeare e Dostoiévski e seus personagens sempre seguiriam os mesmos arquétipos – o que não seria ruim, pois ele saberia fazê-los se reinventar a cada nova história. Teríamos como pano de fundo um Japão clássico, até certo ponto estereotipado no ocidente, contudo ele saberia nos apontar aqui e ali o que, no fim das contas, o torna universal e agradável a qualquer um. Assim como Kubrick, seria denso e dado a inovações técnicas constantes em seus textos.
Alfred Hitchcock
Discípulo de Edgar Allan Poe. Poderíamos dizer que seria um desses autores pós-modernos que apreende o que há de melhor na arte de segunda categoria e que transforma isso em sua matéria-prima. Mulheres bonitas e atraentes circulariam como heroínas constantemente – bem como uma aparição casual de algum alter-ego apenas por diversão. O suspense seria terrível e angustiante, deixando quase todos os atuais escritores embasbacados com o poder narrativo e o controle da tensão.
Pedro Almodóvar
Um surrealista, um pós-moderno, alguém capaz de mexer com nossas emoções de forma perturbadora. Poderíamos esperar uma Espanha gostosa, cotidiana, em meio a tramas complexas a ponto de dar um nó em nós, pobres leitores. Enredos absurdos, ou nem tanto, capazes de nos prender às páginas, mesmo quando absurdos, seriam sua melhor marca. Com certeza teria a influência de todo o Realismo Mágico, dos Surrealistas e de tudo de que fuja do cotidiano e do normal.
Quentin Tarantino
A principal influência dele seria Sergio Leone e seus romances sangrentos. No entanto, aqui tudo seria mais estilizado, mais detalhado, um tanto escrachado e farofeiro, porém sempre divertido e prazeroso. Muitos personagens morreriam e suas tramas seriam complexas e altamente fragmentadas, dando a impressão de um caleidoscópio narrativo bem trabalhado. A manipulação do leitor seria um dos seus fortes, fazendo-nos rir na hora certa e fazendo-nos ficar ansiosos em situações-chave. É provável que seria o mais pós-moderno de todos dessa lista.
Woody Allen
Um mundo de estereótipos cômicos seria o seu forte. Piadas dúbias e senso de humor recheariam páginas e páginas, mas sempre teriam um fundo de verdade amargo e constrangedor para o leitor. Seu mundo seria sempre o dos judeus de Nova York – por vezes vazios devido ao dinheiro, ou à solidão e outros problemas. Muitos o odiariam e questões extra-literárias sempre apareceriam na pauta quando o seu nome surgisse. Teria uma produção extensa e por vezes irregular, podendo aqui e ali fazer homenagens, mesmo que debochadas, dos seus autores preferidos.
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http://homoliteratus.com/7-diretores-de-cinema-que-dariam-bons-escritores/
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