iteratura Brasileira: das páginas dos livros às telas dos cinemas.
No ano passado, foi feita uma lista de dez filmes nacionais que foram adaptados de obras da nossa literatura brasileira. A lista fez sucesso e muitos de vocês, leitores, disseram que assistiriam aos filmes que ainda não conheciam. E é claro que há muito mais de dez filmes, o cinema nacional é rico em adaptações de textos literários brasileiros, por isso separamos mais dez filmes.
Vale ressaltar, novamente, o fato de que quando o assunto é “o livro virou filme” sempre vêm à tona algumas discussões acerca da fidelidade ao texto literário, mas é preciso que fique claro que, ao lermos uma obra, cada um a interpreta de uma maneira distinta, cada um tem suas perspectivas e sensações a respeito daquilo que lê. Além do mais, o tempo para a obra cinematográfica é um tanto reduzido, o que não permite reproduzir todos os detalhes de um texto. Uma obra literária não é fechada, cabe ao leitor interpretá-la de forma subjetiva. O sucesso do texto literário só é obtido quando o leitor adiciona a ele suas experiências de vida, seu conhecimento de mundo. A respeito do romance, disse o eterno escritor João Ubaldo Ribeiro: “Um romance são tantos romances quantos forem seus leitores”.
Bem, vamos à lista:
1. Outras estórias
Outras estórias (1999), filme que foi dirigido por Pedro Bial (sim, o homem do BBB), é baseado nos contos do livro Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa.
O filme de Pedro Bial é uma corajosa empreitada ao universo de Guimarães Rosa. Em relação a este seu primeiro longa, o cineasta diz que decidiu pelo caminho mais difícil: “Não adaptar Rosa ao cinema, adaptar o cinema a Guimarães Rosa”. O título já é um reflexo disso. No entanto, manteve os diálogos originais. Ao manter o texto, demonstrou entendimento entre as noções de transposição de uma obra literária para o cinema. Não fez uma xerox mal feito do livro, mas colocou o livro em um outro habitat.
2. Um copo de cólera
O filme Um copo de coléra (1999) tem direção de Aluízio Abranches, é uma adaptação da obra homônima de Raduan Nassar.
Na opinião de muitos, este filme tem uma das cenas de sexo mais marcantes do cinema nacional. Há imenso contraste entre o carnal e emocional no filme, ao mesmo tempo em que os personagens centrais brigam, há tórridas cenas de sexo. Mas, claro, o filme é muito mais do que isso, não seria menos, pois se trata de uma adaptação de uma obra de Nassar, um dos maiores escritores brasileiros.
3. O pagador de promessas
Adaptado da obra homônima de Dias Gomes, que é uma peça teatral, o filme O pagador de promessas(1962) tem como diretor Anselmo Duarte.
Foi lançado durante o governo de Jango, momento de grande agitação política e social em nosso país, por isso inaugurou um novo momento do cinema brasileiro, um cinema preocupado com as questões sociais. É o único filme brasileiro a ganhar o prêmio Palma de Ouro, do Festival de Cannes, isso concorrendo com filmes como O anjo exterminador, de Buñuel, e L’Eclisse, de Antonioni.
Assista ao filme aqui.
4. Lisbela e o prisioneiro
Um filme que quase todo mundo já assistiu é Lisbela e o prisioneiro (2003), do diretor Guel Arraes. No entanto, o que poucos sabem é que esse filme é uma adaptação da peça de teatro homônima do escritor Osman Lins.
Durante a facção do filme, houve um complicado problema: uma lata com negativos originais foi perdida no laboratório Mega Color, forçando que o diretor Guel Arraes rodasse novamente as cenas que ali estavam. Por fim, acabou sendo o sétimo filme mais visto em 2003 no Brasil, levou 3.146.461 pessoas aos cinemas.
Assista ao filme aqui.
5. Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios
Filme dirigido por Beto Brant e Renato Ciasca, Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (2011) foi adaptado do romance, também homônimo, de Marçal Aquino.
A personagem principal, representada pela atriz Camila Pitanga, vive um triângulo amoroso e, no filme, há diversas cenas de nudez. Sobre isso ela declarou que não se importou de ter tirado a roupa, embora sexo seja ainda um tabu em nossa sociedade, as cenas de sexo são baseadas na natureza do ser humano.
Assista ao filme aqui.
6. Dona Flor e seus dois maridos
Não é novidade que o clássico filme Dona Flor e seus dois maridos (1976), dirigido por Bruno Barreto, veio do romance de Jorge Amado, que possui o mesmo título.
O diretor rodou o filme quando tinha apenas dezenove anos. E já em 1981 foi indicado ao Bafta Film Award de Melhor Estreante em Papel Principal (Sônia Braga); em 1979, foi indicado ao globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro; em 1977, conquistou o Kikito de Ouro de Direção, Trilha Sonora, O Prêmio Especial do Júri de Design de Produção e foi indicado ao Kikito de Ouro de Melhor Filme no Festival de Gramado.
Assista ao filme aqui.
7. O homem do ano
O filme O homem do ano (2002), dirigido por José Henrique Fonseca, tem o roteiro baseado no romance O matador, de Patrícia Melo.
Curiosamente, o romance foi adaptado para o cinema pelo escritor Rubem Fonseca e, também, pela própria autora da obra. O filme recebeu cinco indicações ao Grande Prêmio Cinema Brasil, nas categorias Melhor atriz coadjuvante (Natália Lage), Melhor roteiro adaptado, Melhor figurino, Melhor maquiagem e Melhor fotografia; ganhou os prêmios de Melhor filme, Melhor diretor e Melhor ator (Murilo Benício) no Festival de Cinema Brasileiro de Miami; também ganhou os prêmios de Melhor filme e Melhor ator (Murilo Benício) no Festival de Cinema Latino-Americano de Washington.
Assista ao filme aqui.
8. A cartomante
O filme A cartomante (2004), dirigido por Wagner de Assis e Pablo Uranga, é baseado no conto homônimo de Machado de Assis, um dos maiores escritores da literatura brasileira.
As filmagens duraram cerca de quatro semanas apenas. E parte da crítica diz que não há nada muito machadiano no filme, exceto a permanência dos nomes dos personagens no conto. Há, ainda, outro filme baseado no mesmo conto, este é de 1974 e tem direção de Marcos Faria.
9. Lição de amor
Lição de amor (1975) é um filme dirigido por Eduardo Escorel, baseado no romance Amar, Verbo Intransitivo, do escritor Mário de Andrade.
O filme é um retrato crítico da sociedade decadente dos barões do café. E já em 1976, venceu as seguintes categorias no Festival de Gramado: Melhor atriz (Lilian Lemmertz), Melhor trilha sonora (Francis Hime) e Melhor diretor.
Assista ao filme aqui.
10. Meu tio matou um cara
O filme Meu tio matou um cara (2004) é baseado no livro de contos homônimo de Jorge Furtado, também diretor da adaptação cinematográfica.
Recebeu quatro indicações ao Grande Prêmio Cinema Brasil nas seguintes categorias: Melhor Ator (Lázaro Ramos), Melhor roteiro original, Melhor edição e Melhor trilha sonora. No entanto, não ganhou em nenhuma categoria, o que é uma pena.
http://homoliteratus.com/10-filmes-adaptados-de-obras-da-literatura-brasileira-2/
Nenhum comentário:
Postar um comentário