terça-feira, 10 de fevereiro de 2015


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Como todos os grandes escritores, Leon Tolstói inspirou muitas adaptações visuais de sua obra, em diferentes níveis de qualidade. Apenas no último mês, o Volgograd Fine Arts Museum da Rússia sediou uma exibição de 92 trabalhos gráficos da coleção do Yasnaya Polyan Estate-Museum,  local de nascimento e propriedade rural do autor. Cada peça “recria imagens imortais dos personagens, reconstrói a época histórica, e reflete a dinâmica” de suas obras-primas Anna Karenina e Guerra e Paz, assim como suas histórias curtas para crianças.
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Entretanto, viaje até o Leo Tolstoy State Museum em Moscou e você vai encontrar a arte visual do próprio Tolstói, rascunhadas tanto nas páginas manuscritas destes romances e histórias curtas quanto nos cadernos de anotações que as inspiraram. No topo desta matéria, você vê um manuscrito de Guerra e Paz com as figuras de um garoto e de uma mulher bem vestida, desenhadas de maneira vaga junto ao texto. Logo acima, um rascunho para seu livro de alfabeto, uma cartilha criada por ele para sua escola camponesa em Yasnaya Polyana.
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Tolstói não ilustrou apenas o próprio trabalho; ele também fez esboços para A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, de seu contemporâneo Julio Verne – há um exemplo acima – que ele leu em francês para crianças. Estes desenhos parecem pouco além de rabiscos, mas Tolstói tinha uma boa mão, como você pode ver nos esboços abaixo retirados dos cadernos de anotações que ele manteve durante seu tempo no Caucasus. Foi durante esta época, em que ele servia ao exército, que Tolstói começou a escrever, e os cadernos mantidos iriam inspirar seu livro de 1863, Os Cossacos.
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Esses desenhos são tão bem feitos que me fazem pensar se Tolstói poderia ter sido um artista visual do mesmo nível que foi como escritor. Mas talvez o exato ficcionista fosse um crítico muito áspero para se permitir trilhar este caminho. Tolstói publicou suas conclusões sobre a arte em um ensaio chamado O que é a Arte?. Nele, o grande escritor russo cria o que Gray R. Jahn no The Journal of Aesthetics and Art Criticismreconheceu como “irracionalmente estreitos e exclusivos” critérios para a definição de arte.
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Tolstói também propõe algo parecido com uma teoria, chamada por ele de “infecciosidade”. Arte, ele escreveu, é “ uma atividade humana consistindo nisso, de que um homem conscientemente, por meio de certos sinais externos, rende-se a outros sentimentos por ele experimentados, e que outras pessoas infectadas por eles também os sentem”.  No período crucial de formação em que esses desenhos foram feitos, Tolstói obviamente decidiu “infectar” outros pela escrita. No mesmo ano, ele publicou a primeira parte de sua trilogia autobiográfica, Infância, sob um pseudônimo, seguido rapidamente por Adolescência. Quando se retirou do exército em 1856 e deixou o Caucuses em favor de São Petesburgo, ele já era uma celebridade literária.
http://homoliteratus.com/a-arte-de-liev-tolstoi-desenhos-para-os-manuscritos-de-guerra-e-paz-e-outras-obras/

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